Quanto ganha uma brasileira sem cidadania que trocou a CLT no Brasil por subempregos na Austrália, e conquistou uma melhor qualidade de vida.

Muitas mulheres no Brasil passam anos se dedicando a empregos formais, com carteira assinada, rotina de escritório e todas as promessas de estabilidade da famosa “CLT”. No entanto, a realidade nem sempre corresponde às expectativas: salários baixos, desvalorização profissional e uma sensação constante de estagnação.

Você se esforça, estuda, entrega resultados — mas, no fim do mês, ainda precisa escolher entre pagar todas as contas ou guardar um pouco de dinheiro.

É nesse cenário que muitas brasileiras decidem romper com o sistema e buscar um recomeço fora do país. E, sim, muitas vezes esse recomeço acontece em funções consideradas “subempregos”: faxina, cozinha, limpeza, atendimento. Só que há um detalhe importante — na Austrália, esses trabalhos pagam bem, oferecem dignidade e, acima de tudo, devolvem o que a CLT tirou: o senso de autonomia.

Este artigo é sobre isso. Vamos falar com franqueza sobre quanto ganha uma brasileira sem cidadania que trocou a CLT no Brasil por subempregos na Austrália, e como essa mudança impacta não só o bolso, mas também a autoestima, a saúde mental e o estilo de vida. Você vai ver números reais, entender a rotina e descobrir por que tantas mulheres que “começam de baixo” fora do Brasil acabam, na verdade, subindo muito na vida.

A realidade da CLT no Brasil:

Trabalhar com carteira assinada no Brasil ainda é visto por muitos como sinônimo de estabilidade. Mas para milhares de mulheres que ocupam cargos como recepcionista, auxiliar administrativo, atendente, vendedora ou secretária, essa segurança tem um preço alto: salários baixos, alta carga de trabalho e pouco reconhecimento.

A média salarial para funções administrativas ou operacionais gira em torno de R$ 1.500 a R$ 2.500 por mês — mesmo em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre. Em muitos casos, mulheres com ensino superior completo acabam aceitando essas funções, simplesmente porque o mercado não oferece oportunidades melhores. O diploma vira quase um enfeite no currículo.

Agora pense no custo de vida. Nas grandes cidades brasileiras, o aluguel de um apartamento simples de 1 quarto pode ultrapassar R$ 1.800, fora condomínio, água, luz e internet. O transporte público, ainda que precário, pesa no orçamento — e a alimentação, especialmente quando se busca uma dieta minimamente saudável, se tornou um luxo. Com todos esses gastos, o salário mal cobre o essencial, e sobra pouco (ou nada) para lazer, viagens ou investimentos pessoais.

Esse desequilíbrio entre esforço e retorno financeiro é uma das maiores fontes de frustração para profissionais brasileiras. Trabalhar duro e, ainda assim, viver no limite mês após mês, cria um ciclo de exaustão e desânimo. É justamente nesse contexto que surge a pergunta: vale a pena insistir em subir a escada da CLT no Brasil, ou recomeçar de forma mais simples em outro país — mas com mais dignidade e liberdade?

“Subemprego” na Austrália? Nem de longe o que parece.

No Brasil, ainda existe um peso cultural enorme sobre o tipo de trabalho que você faz. Funções como faxineira, lavador de pratos, atendente de lanchonete ou ajudante de cozinha muitas vezes carregam o estigma de “subemprego” — uma ideia associada à baixa escolaridade, falta de oportunidades ou fracasso pessoal.

Mas na Austrália, a lógica é completamente diferente.

Trabalhos como cleaner (limpeza residencial ou comercial), dishwasher (lavador de pratos), kitchen hand (ajudante de cozinha), barista iniciante, cuidadora de idosos ou babá são considerados funções dignas, necessárias e muitas vezes bem pagas. Eles não definem o seu valor como pessoa — e, mais importante, não limitam seu estilo de vida. Pelo contrário: muitas pessoas conseguem viver bem, pagar suas contas e ainda guardar dinheiro mesmo atuando nessas áreas.

Isso acontece por dois motivos principais:

  1. Diferença cultural: na Austrália, trabalho manual não significa desvalorização. O que importa é o serviço que você entrega, a ética com que trabalha e o respeito pelo outro. Não importa se você é engenheira, enfermeira ou lavadora de pratos — o respeito é o mesmo.

  2. Pagamento justo por hora: a maioria desses trabalhos paga entre AUD 25 e AUD 35 por hora, dependendo da região, do tipo de contrato e da experiência. Em um turno de 8 horas, é possível ganhar entre AUD 200 e AUD 280 por dia — o que, convertido e comparado com o Brasil, já supera muitos salários CLT mensais.

Essa valorização do esforço físico é uma das grandes surpresas (e alívios) para quem chega ao país achando que “vai estar por baixo” ao aceitar trabalhos assim. Na prática, é o contrário: você pode conquistar estabilidade financeira e liberdade pessoal — mesmo começando por funções simples. E tudo isso sem precisar ter cidadania australiana.

Salário de brasileiras sem cidadania na Austrália:

Uma das dúvidas mais comuns de quem pensa em recomeçar fora do Brasil é: “Mas será que vale a pena aceitar um trabalho simples no exterior?” E a resposta, especialmente no caso da Austrália, está nos números — claros, diretos e surpreendentes.

Mesmo sem cidadania australiana, uma brasileira pode trabalhar legalmente com visto de estudante (com limite de horas) ou visto de acompanhante (com regras específicas). E mesmo dentro dessas condições, os salários oferecidos por funções consideradas “básicas” já garantem uma vida muito mais confortável do que muitas funções formais no Brasil.

Exemplos comuns:

  • Dishwasher (lavador de pratos): AUD 25–30/hora.
  • Faxina (Cleaner): AUD 25–35/hora.
  • Kitchen hand (ajudante de cozinha): AUD 26–32/hora.
  • Cuidadora de idosos (a depender da experiência): AUD 30–40/hora.
  • Barista iniciante: AUD 25–32/hora.

Esses valores podem ser ainda maior em horários noturnos, finais de semana ou feriados, quando é comum o pagamento de adicionais.

O impacto da falta de cidadania na rotina e nos ganhos:

Uma dúvida que muitas brasileiras têm ao considerar a mudança para a Austrália é: “Dá para trabalhar legalmente mesmo sem cidadania ou residência permanente?” E a resposta é: sim, dá — mas com algumas limitações que precisam ser entendidas antes de embarcar.

Visto de estudante e visto de acompanhante: dá para trabalhar?

Sim, ambos os vistos permitem o trabalho legalmente, com regras diferentes:

  • Visto de estudante (Student Visa):
    Permite trabalhar até 48 horas quinzenais (ou seja, 24 horas por semana, em média).
    Mesmo com essa carga reduzida, é possível cobrir despesas básicas com um subemprego — principalmente se o pagamento for acima de AUD 28/hora.

  • Visto de acompanhante (Dependente de estudante):
    Caso o parceiro(a) esteja matriculado em um curso técnico ou vocacional, o acompanhante também pode trabalhar até 48 horas quinzenais.
    Se o estudante estiver em um curso de mestrado ou doutorado, o acompanhante pode trabalhar sem limite de horas.

Estar documentada x ter cidadania: qual a diferença real?

  • Ter um visto ativo e válido (mesmo de estudante) já garante acesso legal ao mercado de trabalho.

  • Residência permanente (Permanent Resident – PR) ou cidadania australiana, por outro lado, oferece:
    • Acesso a empregos públicos e oportunidades formais mais amplas.
    • Direitos como seguro saúde gratuito (Medicare).
    • Menos burocracia na hora de alugar, financiar ou abrir negócios.

Limitações? Sim. Impossível? Não.

É verdade que a ausência de cidadania ou residência permanente pode restringir seus ganhos em longo prazo — especialmente se o objetivo for crescer profissionalmente em uma carreira formal. No entanto, no curto e médio prazo, é totalmente possível viver bem, guardar dinheiro e até enviar remessas ao Brasil, mesmo atuando em empregos simples e com visto temporário.

Muitas brasileiras conseguem:

  • Juntar para trocar de visto no futuro.
  • Economizar para investir em cursos que abrem novas oportunidades.
  • Melhorar o inglês e migrar para áreas mais especializadas com o tempo.

Em outras palavras: não ter cidadania hoje não te impede de conquistar liberdade e estabilidade financeira. Pode ser o começo — e não o fim da linha.

Custos de vida na Austrália para uma imigrante sozinha:

Muita gente imagina que viver na Austrália seja caríssimo — e sim, o custo de vida é mais alto que no Brasil em vários aspectos. No entanto, a diferença está na proporção entre o que você ganha e o que gasta. Uma brasileira trabalhando em subempregos consegue, sim, pagar as contas, viver com conforto e até guardar dinheiro — coisa que muitas vezes não é possível mesmo com emprego formal no Brasil.

Aluguel de quarto:

Para quem está começando sozinha, alugar um quarto em uma casa compartilhada é a opção mais comum e econômica. Os preços variam conforme a cidade e o bairro:

  • Sydney e Melbourne (zonas centrais): AUD 300 a 400 por semana.

  • Áreas mais afastadas ou cidades menores: AUD 200 a 280 por semana.

Geralmente, já inclui contas de água, luz, internet e gás.

Transporte público:

As grandes cidades australianas contam com transporte de qualidade. Um cartão recarregável (como o Opal, em Sydney) pode custar:

  • AUD 50 a 70 por semana, dependendo da distância percorrida.

  • Em muitos casos, é possível ir de bike ou a pé, o que reduz bastante os gastos.

Alimentação básica:

Fazer compras em mercados como Aldi, Woolworths ou Coles permite montar uma dieta equilibrada gastando em média:

  • AUD 80 a 120 por semana com itens básicos como arroz, legumes, ovos, carne, frutas e lanches.

  • Comer fora é mais caro: um prato simples custa entre AUD 15 e AUD 25. Por isso, cozinhar em casa é o segredo para economizar.

Dividir moradia = dividir custos.

Além de baratear o aluguel, dividir casa com outras pessoas também ajuda a economizar em itens como produtos de limpeza, cozinha e utensílios comuns. É uma prática super comum entre imigrantes e estudantes internacionais.

Mais que economia, a casa compartilhada também é uma forma de fazer amizades, praticar o inglês e se integrar com pessoas de diferentes culturas.

Comparando com o Brasil:

No Brasil, o custo de vida pode parecer mais baixo em reais — mas o salário também é desproporcionalmente menor.
Exemplo prático:

  • Uma mulher que ganha R$ 2.200 no Brasil e mora sozinha numa cidade como São Paulo pode gastar R$ 1.800 só com aluguel.

  • Com transporte, alimentação e contas, sobra muito pouco — e guardar dinheiro vira um sonho distante.

Na Austrália, mesmo sem cidadania e fazendo subempregos, é possível viver com mais respiro. Uma rotina com aluguel dividido, comida feita em casa e uso consciente do transporte pode garantir não só tranquilidade, mas também possibilidade real de juntar dinheiro.

E se começar de baixo for, na verdade, o topo da sua liberdade?

Por muito tempo, fomos ensinadas a acreditar que o sucesso tem um formato único: um bom cargo, um diploma pendurado na parede, uma mesa no escritório e uma rotina que mal deixa espaço para respirar. Mas a vida real — especialmente para muitas mulheres brasileiras — têm mostrado que status nem sempre vem acompanhado de estabilidade, muito menos de liberdade.

Recomeçar a vida do zero em outro país, longe da zona de conforto, não é fácil — e sim, carrega seus próprios desafios, que eu aprofundo em outros artigos na categoria de Autodesenvolvimento aqui no blog.

Mas como em tudo na vida, precisamos escolher quais batalhas estamos dispostas a enfrentar, porque toda decisão carrega ônus e bônus. Nenhum caminho é isento de esforço — a diferença está no que cada jornada oferece em troca.

Quando você tem um propósito claro, um objetivo que pulsa mais alto do que o medo, o processo se torna mais leve. Os desafios continuam existindo, mas passam a fazer sentido. E é justamente aí que morar fora, mesmo recomeçando em áreas totalmente diferentes da sua formação, deixa de parecer um retrocesso e se transforma em um passo corajoso na direção da liberdade e da reconstrução pessoal.

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